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       O termo multideficiência é uma denominação utilizada para caraterizar crianças/jovens que apresentam combinações de acentuadas limitações em diversos domínios, nomeadamente, cognitivo, motor e/ou sensorial (visão e audição). É ainda frequente manifestarem limitações graves no domínio da comunicação e/ou cumulativamente, problemas de saúde. (Orelove & Sobsey, 1991, citado por Saramago, Gonçalves, Nunes, Duarte, & Amaral, 2004). Segundo a The Association for Persons with Severe Handicaps (TASH) esta população inclui “indivíduos de todas as idades que necessitam de apoio intenso e continuado em mais do que uma atividade normal do dia-a-dia, por forma a poderem participar em ambientes da comunidade”(Saramago et al., 2004, p.29).
       Para Contreras e Valência (1997, citado por Saramago et al, 2004) a Multideficiência é caraterizada por um conjunto de duas ou mais incapacidades ou diminuições de ordem física, psíquica ou sensorial. Mas como nos diz Nunes (2001) a multideficiência é mais do que uma mera combinação ou associação de deficiências, constituindo um grupo muito heterogéneo entre si, apesar de apresentarem caraterísticas específicas e/ou particulares. Defende ainda que a heterogeneidade do grupo emerge da conjugação do tipo de limitações individuais e o seu grau de gravidade, como se representa na figura 1.

Multideficiência

       A legislação em vigor, Decreto-Lei Nº3/2008 de 7 de Janeiro, define as crianças/jovens com multideficiência as que possuem necessidades educativas especiais de caráter prolongado, que experienciam graves dificuldades no processo de aprendizagem e graves dificuldades de participação nos contextos escolar, familiar e comunitário, que decorrem de interações entre fatores ambientais (físicos, sociais e atitudinais), e limitações de grau acentuado ao nível do seu funcionamento num ou mais domínios: sensorial (visão e audição); motor; cognitivo; comunicação, linguagem e fala; emocional e personalidade.
       No enquadramento de identificação das necessidades educativas especiais proposto por Simeonsson (1994, citado por Bairrão, 1998), a multideficiência enquadra-se nos problemas de “baixa frequência e alta intensidade”. Especificando, baixa frequência porque o número de casos existentes é baixo mas de alta intensidade devido ao facto das limitações que apresentam serem graves. As quais são frequentemente decorrentes da interação entre défices biológicos, que podem ser inatos ou congénitos, e fatores ambientais. Face às problemáticas que apresentam, as crianças/jovens com multideficiência experienciam dificuldades nas capacidades de obter informações a partir do meio que as rodeia, assim como na orientação de respostas para as pessoas e/ou objetos ao seu redor (Nelson & Van Dijk, 2001), o que coloca em grande risco o seu desenvolvimento e o acesso à aprendizagem.
As limitações acentuadas ao nível da comunicação e da linguagem apresentadas por estas crianças e jovens, comprometem o acesso à informação e a exploração do mundo, o que condiciona a sua participação e interação nos ambientes naturais e nas relações pessoais e sociais com o grupo de pares e com os adultos. Também as dificuldades na compreensão e na produção de mensagens orais e na conversação com os parceiros comunicativos estão presentes na maioria destas crianças e jovens. Esta ausência de meios de comunicação eficiente dificulta, ou até impossibilita, a transmissão e receção de informação o que compromete a apropriação de conhecimentos e conceitos (Nunes, 2001).
Quando se pensa na educação de crianças com multideficiência carece a necessidade de conhecimento do seu desenvolvimento e processos de aprendizagem por forma a chegar a cada criança em especial, pois as estratégias apresentadas não poderão servir de “receita”, uma vez que, como referem Pereira e Vieira (1996, citado por Nunes 1992,.p193) “ a desvantagem sofrida por cada individuo é pessoal e particular; por isso, a sua educação não pode ser feita sem um ensino individualizado, centrado nas necessidades de cada um”. Ao professor compete a tarefa de adaptar estratégias ao perfil de cada aluno mediante as suas limitações e capacidades.





Site sugestivo:  

WikispaceMultideficiência

Blog educação diferente

 

 









Referências Bibliográficas:




Amaral, I. (2009). Iº Fórum Ibero Latino-americano virtual sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla Sensorial.
Nunes, C. (2001). Aprendizagem activa na criança com multideficiência: Guia para educadores. Lisboa: Ministério da Educação – Departamento da Educação Básica.
Nunes, C. (2005). Os alunos com multideficiência na sala de aula. Em: Sim-sim, I. Necessidades Educativas Especiais: Dificuldades da Criança ou da Escola? Lisboa: Texto Editores.
Nunes, C. (2008). Alunos com multideficiência e com surdocegueira congénita: Organização de respostas educativas. Lisboa: Ministério da educação – Direção-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular.

Nunes, C., & Amaral, I. (2008). Educação, multideficiência e ensino regular: Um processo de mudança de atitude. Revista diversidades, 20: 4-9.













Figura 1. Alunos com multideficiência (Nunes & Amaral, 2008, p.5).

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